Para grupos prioritários, entre eles adultos com indicativos específicos e idosos, em campanhas anuais, também está à disposição a vacina contra a influenza (gripe).
Especificamente para gestantes e profissionais da saúde que atuam em maternidades e unidades de internação neonatal, atendendo recém-nascidos e crianças menores de 1 ano de idade, é disponibilizada a dTpa (difteria, tétano e pertussis acelular).
Por fim, para indivíduos a partir de 60 anos, não vacinados e que vivem acamados e/ou em instituições fechadas, é recomendada a Pneumocócica 23 Valente, contra pneumonia, otite, meningite e outras enfermidades causadas pela bactéria pneumococo.
Há ainda as complementares ofertadas na rede privada. Para adultos de até 50 anos, as opções são Hepatite A; Hepatite A e B (combinada); HPV; Varicela (catapora); Dengue; Pneumocócicas conjugadas 10-valente (VPC10) e 13-valente (VPC13), contra pneumonia, meningite e otite; Meningocócica B, Meningocócica C conjugada e Meningocócica conjugada quadrivalente - ACWY, as três últimas contra doença meningocócica. Para pessoas com mais de 50 anos, entra na lista a Herpes zoster.
"Todas essas estão disponíveis, mas, para que sejam efetivamente aplicadas, é necessário um pedido médico. Isso porque cada uma tem suas indicações e contraindicações", pontua Juarez Cunha, presidente da Sociedade Brasileira de Imunização (SBIm Nacional).
Por que o adulto não se vacina?
Apesar de o governo oferecer diversas vacinas gratuitamente em todo o território nacional, dados do documento Coberturas Vacinais no Brasil, apresentado pelo MS em 2015, mostram que as taxas de proteção entre os adultos estão abaixo do ideal - que varia entre 95% e 100%, dependendo da patologia que se está combatendo.
A da influenza, por exemplo, em 2014 ficou em 86,1%. Já a da Hepatite B, em 61,9% na faixa etária de 20 a 24 anos; 55,9%, na de 25 a 29; 20,8%, na de 30 a 39; 14%, na de 40 a 49, e 11,8%, na de 50 anos ou mais.
E as razões para isso são várias. Segundo Eliane Matos dos Santos, médica da Assessoria Clínica da Bio-Manguinhos, unidade produtora de imunobiológicos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), "a primeira delas é que muita gente acredita que vacina é apenas para criança, desconhecendo que existe um calendário específico para quem tem a partir de 20 anos".
Além disso, há quem tenha medo das reações. "Algumas eventuais, como dor no local da aplicação e febre baixa, até ocorrem, mas a doença é sempre mais grave do que os eventos adversos que a vacina pode causar. O importante é o profissional de saúde estar bem preparado para informar e orientar" acrescenta a especialista.
Ela ainda aproveita para afirmar a segurança deste tipo de proteção: "Antes de serem registradas e colocadas à disposição nos postos de saúde, as vacinas passam por uma série de estudos clínicos bem criteriosos. Até elas chegaram ao mercado pode demorar de cinco a 15 anos, e mesmo depois de licenciadas continuamos fazendo o acompanhamento".
Para Cunha, da SBIm Nacional, o que também faz com que o adulto não se vacine é a falsa sensação de segurança. "Como muitas doenças estão controladas, as pessoas acham que não precisam se imunizar. A maioria só vai atrás quando as notícias começam a aparecer com mais frequência e, principalmente, quando ocorrem mortes, como aconteceu com o sarampo e a febre amarela."
Outra questão que dificulta a busca pela vacina são as fake news, divulgadas o tempo todo nas redes sociais e nos aplicativos de conversa. Combatê-las não é tarefa fácil, porém, o MS informa que diariamente avalia mais de 7 mil menções do que pode ser um foco de desinformação proposital para espalhar boatos sobre saúde e, caso necessário, realiza uma intervenção para esclarecê-las.
E não dá para deixar de citar os grupos antivacina. Apesar de ainda serem pequenos no Brasil, em comparação com os Estados Unidos e alguns países da Europa, eles também acabam tendo impacto negativo na busca por imunização. Assim como a restrição de horário da rede pública. "O padrão atual é incompatível com o da maioria das famílias. Seria preciso estender o funcionamento dos postos ou abri-los aos finais de semana", indica o presidente da Sociedade Brasileira de Imunização.
Para atrair os adultos
Para contornar essa situação, a médica da Bio-Manguinhos-Fiocruz recomenda que se façam parcerias com universidades e templos religiosos para a realização de palestras sobre o tema. "Médicos, em especial os mais respeitados, também precisam alertar a população, seja em seus consultórios ou nos meios de comunicação."
Sobre essa questão, o Ministério da Saúde informa que atua fortemente na disseminação de informações sobre a importância da vacinação em suas mídias, com esclarecimento de dúvidas e interação nas redes sociais, além de debates com as sociedades médicas brasileiras.
O órgão do governo federal diz que "recomendar a cobertura vacinal homogênea no país é um trabalho constante e que, periodicamente, a coordenação do Programa Nacional Imunizações (PNI) emite notas técnicas para estados e municípios sobre o tema, além de orientar os gestores locais que organizem suas redes, inclusive com a possibilidade de readequação de horários mais compatíveis com a rotina da população brasileira".
Outra orientação do MS é o reforço das parcerias com creches e escolas, "ambientes que potencializam a mobilização sobre a vacina por envolver também o núcleo familiar".
O que são as vacinas?
Como explica a SBIm Nacional, "as vacinas são o meio mais seguro e eficaz de nos protegermos contra certas doenças infecciosas".
Elas são obtidas a partir de partículas do próprio agente agressor, sempre na forma atenuada (enfraquecida) ou inativada (morta), e atuam de forma a estimular o sistema imunológico a combater os "invasores".
Vale destacar que, por ser uma imunização ativa, a vacina depende da resposta do sistema imunológico de cada indivíduo, sendo que a maioria dos que estão saudáveis respondem adequadamente a ela.
No Brasil, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) oferece 19 vacinas, iniciando-se com os recém-nascidos.
(Renata Turbiani para a BBC News Brasil)
Calendário de vacinação - adultos de 20 a 59 anos
Hepatite B: 3 doses, de acordo com a situação vacinal
Febre amarela: dose única, se nunca tiver sido vacinado
Tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola): se nunca vacinado, 2 doses (20 a 29 anos) e 1 dose (30 a 49 anos)
Dupla adulto (DT) (difteria e tétano): reforço a cada 10 anos
Pneumocócica 23 Valente (pneumonia, otite, meningite e outras doenças causadas pelo pneumococo): 1 dose para grupos-alvo específicos a depender da situação vacinal
60 anos ou mais
Hepatite B: 3 doses, de acordo com a situação vacinal
Febre amarela: dose única, se nunca tiver sido vacinado
Dupla adulto (DT) (difteria e tétano): reforço a cada 10 anos
Pneumocócica 23 Valente (previne pneumonia, otite, meningite e outras doenças causadas por pneumococo): 1 dose para grupos-alvo específicos a depender da situação vacinal
(Fonte: Ministério da Saúde)