Os tumores de mama representaram um em cada quatro casos de câncer diagnosticados entre pacientes do sexo feminino em 2020, em todo o mundo. Os dados, destacados pela Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC, na sigla em inglês), mostram que cerca de 2,26 milhões de mulheres receberam o diagnóstico da doença no período.
A entidade, ligada à Organização Mundial da Saúde (OMS), alerta que o câncer de mama feminino já se tornou a neoplasia mais frequentemente diagnosticada globalmente. Ainda em 2020, 685 mil mulheres morreram devido à doença.
Estes números alarmantes também se repetem, em menor escala, aqui no Brasil. Para 2023, o Inca (Instituto Nacional de Câncer) estima cerca de 74 mil novos casos. Os óbitos causados pelos tumores de mama superaram 18 mil (dados de 2020). É a primeira posição em mortalidade por câncer entre as mulheres no Brasil.
A partir destas informações, entendemos que precisamos ir além da conscientização sobre a doença, da prevenção e do estímulo ao diagnóstico precoce. Devemos discutir meios efetivos de melhorar e garantir o acesso ao melhor tratamento para todas as mulheres, em qualquer fase da doença.
Este é o foco da campanha Outubro Rosa para Todas, que o Instituto Vencer o Câncer desenvolve neste ano, para defender direitos e cuidados mais igualitários para todas as mulheres.
Uma mensagem importante é que é possível ter qualidade de vida, mesmo com câncer avançado. No entanto, pacientes do SUS continuam com poucas opções. Isso porque, mesmo tendo o direito garantido a medicações já aprovadas para distribuição na saúde pública, muitas ficam sem tratamento pois os medicamentos não são efetivamente disponibilizados.
A política de prevenção e tratamento do câncer precisa ser uma prioridade dos nossos governos, para que as pessoas diagnosticadas tenham tratamentos mais adequados e rápidos, com medicamentos inovadores, cirurgia, radioterapia além de métodos diagnósticos mais sofisticados e testes genéticos.
Este olhar especial para a saúde pública é fundamental, já que cerca de 75% da nossa população são atendidos pelo SUS. Vale destacar que, no serviço público, em média, 39,6% dos casos são diagnosticados em estágio avançado.
Na outra ponta, a análise de mais de 130 mil pacientes brasileiras mostrou que aquelas que se tratam no SUS, na comparação aos que tinham convênio médico, apresentam 40% mais risco de morrer de câncer de mama. Esses dados foram apresentados no Encontro Anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica, em junho, e reforçou a necessidade de uma atenção maior aos cuidados para o câncer na saúde pública, principalmente para os casos mais graves.
É necessário, então, fazer este Outubro Rosa para todas, para aquelas que podem prevenir e diagnosticar o câncer precocemente; para aquelas que precisam que seus direitos sejam respeitados e tenham acesso a tratamentos que lhes garantam qualidade de vida, mesmo com a doença.