À medida que envelhecemos, nosso tecido ósseo vai se deteriorando e perde qualidade.
Nas mulheres, essa perda de qualidade óssea fica muito evidente após a menopausa, porque o nível de estrogênio, hormônio sexual que têm efeito protetor sobre o esqueleto, diminui.
Mas, embora os homens não tenham uma perda abrupta de hormônios sexuais, eles sofrem muito mais fraturas ósseas por osteoporose do que imaginamos.
A osteoporose é caracterizada por uma diminuição da massa óssea e pela deterioração da microarquitetura e qualidade do osso.
Essas alterações aumentam a fragilidade óssea e se traduzem em um maior risco de sofrer fraturas, principalmente em algumas áreas específicas do nosso esqueleto, como quadril, coluna vertebral e punho.
Estima-se que a doença cause mais de 9 milhões de fraturas por ano no mundo, mas o número de pessoas afetadas é muito maior, cerca de 200 milhões.
As pessoas afetadas costumam passar despercebidas porque muitas vezes é uma doença silenciosa e assintomática que faz com que nosso esqueleto se deteriore sem sinais de alerta até que apareça a primeira fratura.
Mas por que perdemos massa óssea?
Ao longo da vida, o nosso esqueleto passa por ciclos de renovação ou remodelação óssea, no qual o tecido ósseo "velho" ou danificado se decompõe e é substituído por um novo, capaz de suportar todos os desafios a que submetemos o nosso esqueleto diariamente.
O problema é que, com o passar dos anos, esse processo de reposição dos tecidos velhos se torna deficiente, e as células responsáveis pela formação do osso não são capazes de compensar a perda do osso eliminado.
Como consequência, o equilíbrio ósseo começa a ficar negativo. E vamos perdendo quantidade e qualidade de tecido ósseo como parte de um processo natural e inerente ao envelhecimento.
A questão masculina
O problema não é só feminino. É verdade que nas mulheres a perda da qualidade óssea é muito evidente após a menopausa, fase que marca uma queda acentuada na produção de estrogênio, hormônio sexual feminino.
Esses hormônios exercem um importante efeito protetor contra a perda de massa óssea, e sua diminuição no início da menopausa também provoca uma queda brusca da massa óssea.
No entanto, cerca de 25% das fraturas por osteoporose ocorrem em homens. E o que é mais importante, as complicações e a mortalidade associadas a essas fraturas são maiores nos homens do que nas mulheres.
Na verdade, estima-se que todos os anos cerca de 80 mil homens apresentem uma fratura por fragilidade do quadril, sendo que um em cada três morrem no primeiro ano e outros tantos voltam a sofrer fraturas.
Apesar desses dados, a osteoporose nos homens é subdiagnosticada e, por isso, em muitos casos, não é tratada. Às vezes, os profissionais de saúde não estão suficientemente conscientes do fato de que a osteoporose pode afetar os homens, o que contribui para retardar o seu diagnóstico.
O pico máximo de massa óssea é atingido durante a terceira década de vida, entre os 20 e 30 anos. E a partir desse momento, começamos a perder tecido ósseo.
No entanto, nos homens esse pico é alcançado mais tarde, uma vez que eles entram na puberdade mais tarde e permanecem nela por mais tempo do que as mulheres. Além disso, os andrógenos, hormônios sexuais masculinos, aumentam a espessura óssea, o que supõe uma vantagem mecânica inegável.
Outro fator importante é que nos homens não há perda brusca de hormônios sexuais, como acontece com as mulheres após a menopausa: o declínio hormonal masculino ocorre gradativamente a partir da quarta ou quinta década de vida.
Mais tarde e mais grave
Todos esses fatores fazem com que os homens desenvolvam osteoporose pelo menos uma década mais tarde do que as mulheres.
Este fato contribui para um aumento da gravidade e do risco de mortalidade após a fratura, entre outras coisas porque com o envelhecimento surge também uma situação de inflamação crônica de baixa intensidade que acelera o processo de degradação óssea, aumentando assim o risco de fraturas e dificultando sua reparação.
Com a idade, aumenta também a deficiência de vitamina D, hormônio fundamental para a mineralização e qualidade óssea, e a função muscular diminui.
No caso de hipogonadismo (condição na qual os testículos nos homens produzem pouco ou nenhum hormônio sexual), consumo abusivo de álcool ou tratamento continuado com glicocorticoides usados como medicamentos anti-inflamatórios ou imunossupressores, o processo é ainda mais acelerado.
Neste ponto, devemos estar cientes de que a qualidade dos nossos ossos tem um efeito direto na nossa saúde. Por isso, todo mundo, seja homem ou mulher, deve se preocupar em cuidar do esqueleto — sobretudo se mantendo ativo, adotando uma alimentação variada rica em cálcio e vitamina D, limitando o consumo de álcool e evitando o tabaco.
* Arancha R. Gortázar é professora de biologia celular, pesquisadora principal do Grupo de Fisiopatologia Óssea, Universidade San Pablo CEU, na Espanha. Juan Antonio Ardura é professor na área de biologia celular e histologia, Universidade San Pablo CEU.
[Este artigo foi publicado originalmente no site de notícias acadêmicas The Conversation e republicado aqui sob uma licença Creative Commons. Leia aqui a versão original (em espanhol).]