Falta de ar? Veja o que pode ser a razão da sua dificuldade de respirar

Ter falta de ar é a queixa de três em cada dez pessoas que procuram ajuda especializada -  Camila Rosa/VivaBem

A expressão "de tirar o fôlego" é usada quando se deseja descrever um estado de admiração e surpresa. No âmbito da saúde, porém, ter falta de ar é um sintoma considerado altamente angustiante e assustador. Dá para entender o porquê. 
 
A dispneia (termo médico que corresponde à sensação) é definida pela American Thoracic Society (ATS) como uma experiência de desconforto ao respirar que combina diferentes sensações, varia em intensidade e decorre da interação de fatores relacionados ao funcionamento do corpo e das emoções, além de situações ambientais e sociais.
 
Ter falta de ar é a queixa de três em cada dez pessoas que procuram ajuda especializada. Apesar de ser um problema comum, o desafio dos médicos é descobrir o significado, para o paciente, dessa descrição. A dificuldade é que cada pessoa interpreta esse incômodo de forma muito pessoal. 
 
Como o sintoma é descrito
 
Os especialistas no assunto dizem que a maioria dos pacientes se refere a esse mal-estar como um cansaço, que também pode ser descrito como: 
 
- Dificuldade para respirar; 
- Sensação de afogamento (asfixia); 
- Obstrução na garganta; 
- Necessidade de maior quantidade de ar;
 
Saiba entender os sinais 
 
Há um entendimento generalizado de que a falta de ar é só aquela intensa dificuldade de respirar, um episódio agudo que pede visita imediata ao pronto-socorro. É importante saber que já é sinal de que alguma coisa está errada —quando você sente um cansaço leve —como aquele que aparece ao subir uma escada ou ladeira —, e não apenas quando tem algo mais intenso. 
 
A mecânica por trás da sua respiração
 
Para que você consiga respirar e se manter vivo, seu corpo possui um sistema (respiratório) composto pelo nariz, boca, garganta (faringe), a área de fonação (laringe), epiglote e traqueia. Essa se divide em túneis (brônquios), que são encarregados de levar o ar para dentro dos seus pulmões. 
 
Em geral, pensa-se que os pulmões são como balões, mas, na verdade, eles se parecem mais com uma esponja. Abaixo deles há um músculo chamado diafragma. É ele o encarregado de ajudá-lo a colocar o ar para dentro e para fora.
 
O pulmão também possui alvéolos —pequenas estruturas parecidas com cachos de uva que permitem a movimentação do ar e sua distribuição pelos vasos sanguíneos. 
 
O sangue é oxigenado a partir dos pulmões, circula por meio das veias pulmonares até alcançar o coração. Daí, ele é bombeado para todo o seu corpo. Muitas doenças podem atrapalhar esse processo, levando à falta de ar. 
 
As várias causas
 
Frequentemente o problema se relaciona à falta de condicionamento físico e não a uma enfermidade. Nesses casos, a inclusão de uma atividade física na rotina traz de volta o fôlego perdido. 
 
Além do sedentarismo, outros fatores externos podem se relacionar à dificuldade de respirar. Confira:
 
- Infecções ou obstruções As mais comuns são resfriados e gripes, causados por vírus ou bactérias que levam ao entupimento nasal e à coriza, bem como à sinusite (inflamação nos seios da face) e faringite (inflamação na garganta) --trazendo a sensação de não respirar bem.

Poluição Dados recentes da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que todos os anos, no mundo inteiro, morrem 7 milhões de pessoas (o que equivale a toda população do Paraguai) devido às partículas de ar poluído que penetram nos pulmões. A poluição não é só externa: dentro de casa, o uso de produtos de limpeza, acúmulo de poeira, tinta de parede, tecnologia e até alguns tipos de combustível usados para cozinhar (carvão, querosene etc.) podem atrapalhar o bom funcionamento dos seus pulmões. 
 
- Toxinas A exposição a componentes como o tabaco causa lesões pulmonares irreversíveis.
 
Com exceção do tabagismo, a solução do problema é mais fácil. Tratadas as inflamações das vias respiratórias, a sensação desaparece ou é controlada. Quanto à poluição, a menor exposição a ela pode resolver o assunto se não houver diagnóstico de uma doença avançada. 
 
Causas médicas
 
A falta de ar tem outras origens, que são classificadas como causas médicas: são as doenças do sangue (hematológicas), do sistema nervoso (neurológicas), dos pulmões, do coração e as psiquiátricas. 
 
Imagine que uma pessoa teve anemia após uma perda aguda de sangue, ou devido a uma menstruação abundante, uma úlcera de estômago ou um acidente. "Ou pode ser que esta perda tenha sido lenta e progressiva, consequência da deficiência de ferro, ou de um câncer no intestino", exemplifica o médico Marco Aurélio Janaudis, clínico geral da Sociedade de Educação Médica e Humanismo (Sobramfa). Aí, a reclamação vai sempre ser o cansaço.
 
Algumas doenças neurovegetativas podem levar a engasgos e, consequentemente, à dificuldade para respirar. Outras, mais raras e que provocam fraqueza da musculatura também. É o caso da síndrome de Guillain-Barré, esclerose lateral amiotrófica (ELA) e miastenia grave, que afetam o diafragma, músculo responsável pela respiração. 
 
Na lista das possibilidades inclui-se, ainda, a apneia obstrutiva do sono — um distúrbio associado ao ronco e que leva à interrupção da respiração durante o repouso noturno, causada por um obstáculo na garganta ou nas vias respiratórias, o que dificulta a passagem do ar. 
 
Quando a origem é o coração
 
Apesar de a dispneia ser um sintoma de vários tipos de doenças, o que mais se vê no dia a dia é a sua relação com doenças do coração e do pulmão. Em pessoas com idade entre 50 e 60 anos, ela se relaciona à pressão arterial ou sequelas de um infarto do miocárdio, sem contar a doença de Chagas. 
 
Já entre pessoas mais velhas, com idade entre 70 e 80 anos, a falta de ar é mais frequente e se deve ao endurecimento natural do coração, o que leva à insuficiência cardíaca. Aqui, o órgão vai perdendo a capacidade de relaxar e ocorre um aumento da pressão interna.
 
Uma bomba em ação 
 
Para entender melhor, imagine o coração como a bomba de água de um carro que trabalha distribuindo o líquido para resfriamento do motor. No caso do órgão, o sangue é aspirado do pulmão, vem para o coração e a partir dele é distribuído para todo o corpo. Se existe algum problema — como hipertensão arterial — a pressão dentro do coração aumenta e a dispneia aparece. 
 
E atenção: não confunda esse quadro com a pressão arterial. O problema aqui é a pressão diastólica final (PD2), que dificulta a passagem do sangue do pulmão para o coração. O resultado é uma maior concentração de líquido no pulmão, o que leva à falta de ar.
 
O que você pode sentir, nesses casos, é uma dificuldade para respirar depois de uma atividade física. Com o passar do tempo, essa sensação se apresenta com maior frequência até que, mesmo em repouso, o incômodo se manifesta. 
 
Como é feito o diagnóstico cardíaco
 
Ao perceber que a falta de ar não passa, a melhor coisa a fazer é procurar um médico. Diante dele, lembre-se de relatar todos os detalhes do que sente. 
 
Afinal, a consulta começa com uma conversa e ela pode revelar coisas importantes que o especialista precisa saber: até mesmo uma gripe, um resfriado ou uma infecção podem alterar o funcionamento do seu coração. 
 
Na sequência, o exame físico poderá mostrar sinais como maior pressão da veia do pescoço, aumento do fígado e inchaço nas pernas, que são pistas de uma insuficiência ou problema cardíacos.
 
Veja os exames que o médico pode pedir: 
 
- Eletrocardiograma Averigua a presença de alguma alteração na atividade elétrica do coração; 
 
- Radiografia do tórax Mostra um eventual aumento do volume do órgão ou uma congestão pulmonar; 
 
- Ecocardiograma Avalia a estrutura e o funcionamento do coração por meio de ultrassonografia; 
 
- Cateterismo Verifica se há entupimento na veia.
 
O que esperar do tratamento 
 
A terapia dependerá de cada caso. Geralmente, os medicamentos usados são os inibidores de enzima de conversão da angiotensina, betabloqueadores, inibidores de aldostorena e diuréticos, todos indicados para ajudar o coração a trabalhar melhor. 
 
Os cardiologistas garantem que, quando o diagnóstico e tratamento são benfeitos e estabelecidos, o desconforto desaparece e a vida volta ao normal.
 
Isso porque o arsenal terapêutico disponível é bastante farto, mas o resultado dependerá do traquejo médico e de sua atualização, além da cooperação do paciente. A ordem que você deverá obedecer é controlar a pressão arterial, tomar o remédio corretamente, fazer exercícios e perder peso. 
 
Muita vez, antes da falta de ar, podem vir outros sinais que são desprezados: "Na cardiologia, os pacientes não temem adoecer. O paciente acha que aquilo que sente decorre do fato de não ter dormido bem, que comeu algo que fez mal, ou que a culpa é do envelhecimento. Na realidade, é o coração que está falho", explica Fernando Augusto Alves da Costa, o diretor da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).
 
Quando a causa é uma doença pulmonar 
 
Problemas nos pulmões e nas vias respiratórias chamam-se doenças pulmonares, e a falta de ar é sempre o sintoma que aparece especialmente durante a realização de atividade física. 
 
A dispneia relacionada a essas doenças se classifica como:
 
- Restritiva Se relaciona à perda de elasticidade dos pulmões e eles não conseguem se expandir durante o processo respiratório; 
 
- Obstrutiva É a causada por uma resistência à passagem do ar. 
 
A dificuldade de respirar pode, ainda, ser do tipo aguda: aparece de repente, como em uma crise de asma que requer uma ida ao pronto-socorro. Ou crônica, que permanece ao longo do tempo (como a apneia do sono).
 
Doenças pulmonares mais comuns 
 
A asma e a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) são as principais causas do problema. A fibrose pulmonar idiopática também é uma possibilidade, mas em um grau menos frequente. 
 
Entenda melhor as enfermidades respiratórias que causam falta de ar:
 
- Asma e bronquite São as causas mais comuns da falta de ar. Trata-se do estreitamento das vias respiratórias, geralmente de origem alérgica. Manifestam-se desde a infância e duram a vida inteira. Poeira, pó, odores, mudança de tempo e fumaça de cigarro podem desencadeá-las ou agravá-las. 
 
- Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) É o bloqueio das vias respiratórias e, portanto, da passagem do ar causada por uma bronquite crônica ou uma destruição das células dos pulmões, conhecidas como alvéolos (enfisema), e cuja causa principal é o tabagismo. 
 
- Fibrose pulmonar idiopática Embora seja menos frequente, essa doença faz que o pulmão perca sua elasticidade. Não possui causa definida. Entretanto, cigarro e refluxo gastroesofágico estão relacionados. 
 
- Câncer de pulmão Como o tumor está situado dentro do órgão, a falta de ar ocorre de maneira crônica. 
 
O que esperar da consulta com o pneumologista
 
O médico Mauro Gomes, chefe da equipe de Pneumologia do Hospital Samaritano de São Paulo, adverte que "nem sempre a procura por ajuda acontece com a rapidez desejada. Mas a consulta, em si, é simples", garante. O especialista vai ouvir sua história e fazer um exame físico. 
 
Veja os testes que ajudarão a descobrir como andam os pulmões:
 
- Espirometria Para avaliar como o pulmão está funcionando; 
 
- Radiografia do tórax Mostra lesões mais grosseiras do órgão; 
 
- Tomografia computadorizada Investiga lesões mais específicas e menores; 
 
- Exames de sangue Check-up sanguíneo; 
 
- Testes de alergia Por meio da análise do sangue, busca-se detectar anticorpos relacionados a ácaros, poeira, animais, fungos ou alimentos; 
 
- Exames mais específicos Para os casos de suspeita de câncer e fibrose, e é necessária uma biópsia.
 
Como é feito o tratamento 
 
Ele também é personalizado, especialmente porque cada doença pede um medicamento específico, além de mudanças de hábitos e ambientais. Podem ser usados corticoide por inalação (anti-inflamatório); broncodilatador e antifibrótico. 
 
Quando a causa são as suas emoções
 
A falta de ar comum nos transtornos de ansiedade é sempre vivenciada como um sintoma de extremo desconforto. Nessas horas, além do intenso incômodo, há uma tensão muscular importante. Essa reação inclui o que os médicos chamam de ativação visceral: um estado de alerta que prepara todo mamífero para uma fuga ou luta. Os pés e mãos ficam suados, a temperatura da pele cai e ela empalidece. 
 
Situação mais comum: ataque de pânico
 
A "fome de ar", chamada pelos americanos de air hunger , é o principal sintoma do ataque de pânico. Alguns teóricos entendem que tal reação é uma espécie de alarme de sufocação do cérebro. 
 
Os suspiros são frequentes, como se fosse necessário testar o gás carbônico do local em que a pessoa está. Por isso, elas não toleram lugares fechados e abafados.
 
O que você também pode sentir 
 
Em uma crise, todos os sintomas acontecem em menos de 10 minutos e têm a duração de meia hora. Além da falta de ar, outras sensações se manifestam: 
 
- Tontura; 
 
- Formigamento intenso; 
 
- Ondas de frio e de calor; 
 
- Aceleração do coração; 
 
- Sensação de morte iminente;
 
Como é feito o diagnóstico 
 
Uma vez descartadas as principais causas da falta de ar que são as doenças cardiológicas e pulmonares, e presentes os demais sintomas acima descritos, um episódio de ansiedade pode explicar o sintoma. Mas o diagnóstico não é uma tarefa fácil. 
 
O fato é que, diante desse conjunto de sintomas, muitos pacientes procuram o pronto-socorro pensando que se trata de um infarto.
 
O que esperar do tratamento 
 
Os cuidados começam com o uso de pequenas doses de antidepressivos específicos. Tão logo as crises reduzam, parte-se com a terapia de exposição, onde o paciente enfrenta —gradual e lentamente — as situações que desencadearam o quadro: usar o elevador, andar de ônibus etc. 
 
Exercícios físicos, sensações que dão tontura também fazem parte dos estímulos que buscam devolver à pessoa a vida de antes. "Costumamos dizer que, no pânico, o paciente é como uma cebola. Quando você a corta, ela é cheia de anéis. Conforme pioram os sintomas, o indivíduo vai parando tudo até que não sai mais de casa por medo de passar mal. Do mesmo modo, a recuperação se dá assim: um anelzinho por vez", explica o médico Márcio Bernik, coordenador do Programa de Ansiedade do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (IPq- FMUSP). 
 
O uso do medicamento se dá por cerca de um ano, e caso o paciente possa fazer terapia cognitivo comportamental (TCC), a chance de uma recaída é bem menor. A boa notícia é que, em 98% dos casos, a resposta ao tratamento é positiva.
 
O uso do medicamento se dá por cerca de um ano, e caso o paciente possa fazer terapia cognitivo comportamental (TCC), a chance de uma recaída é bem menor. A boa notícia é que, em 98% dos casos, a resposta ao tratamento é positiva. 
 
O que você pode fazer para prevenir a falta de ar:
 
- Troque soluções caseiras por atendimento médico; 
 
- Procure um cardiologista se o sintoma aparecer ao subir escada ou durante a relação sexual; 
 
- Não demore para buscar ajuda, quanto mais cedo descobrir o que acontece, maiores serão as chances de melhora; 
 
- Avise seu cardiologista sobre eventual uso de medicamento quimioterápico. Um de seus efeitos colaterais é a falta de ar; 
 
- Evite usar anti-inflamatórios sem orientação de um médico. Eles podem afetar a forma como funcionam coração e rins; 
 
- Vá ao pronto-socorro ao sentir dor no peito, falta de ar, cansaço e mal-estar no estômago. Pode ser um infarto (ataque do coração); 
 
- Controle a pressão e o diabetes; 
 
- Pratique atividade física adequada para a sua idade; 
 
- Reduza o consumo de sal; 
 
- Atenda a orientação médica para o tratamento. No caso da asma, se ela for devidamente tratada, o paciente pode ter uma vida normal; 
 
- Livre-se do cigarro e evite fumar dentro de casa; 
 
- Capriche na faxina doméstica. O acúmulo de móveis e coisas espalhadas desencadeia crises de asma;
 
- Mantenha os ambientes ventilados, livres de poeira, mofo e umidade; 
 
- Prefira travesseiros de espuma e siga as instruções do fabricante para a sua lavagem e secagem. Os de penas podem levar ao endurecimento dos pulmões ou à pneumonia alérgica; 
 
- Evite ter animais de estimação em casa como cachorro, gato e pássaros; 
 
- Desconfie de notícias sobre bombinhas para asma. Elas não causam dependência. Esclareça todas as suas dúvidas com o seu médico; 
 
- Observe seus filhos se você tem crises de ansiedade ou pânico. A chance de eles apresentarem o problema é altíssima. O pico da manifestação acontece entre os 15 e 25 anos, geralmente na época do vestibular;
 
- Procure não ignorar a ansiedade de separação das crianças, o medo de seus pais serem sequestrados, se perderem ou se acidentarem. Estes são sinais de que, na idade adulta, o transtorno de pânico pode aparecer. Isso não evita a doença, mas evita complicações.
 
 
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