Na vida adulta, fazer exames de rotina, o conhecido check-up, todos dos anos é fundamental para prevenção de doenças e diagnóstico precoce. Mas você sabia que as crianças também precisam verificar regularmente como anda a sua saúde?
Esse processo começa ainda na maternidade, com a realização do teste de triagem neonatal biológica, popularmente chamado de teste do pezinho. Obrigatório para todos os recém-nascidos e gratuito na rede pública, ele deve ser feito entre o 3º e o 5º dia de vida para detecção de seis enfermidades.
São elas: fenilcetonúria, hipotireoidismo congênito, doença falciforme e outras hemoglobinopatias, fibrose cística, deficiência de biotinidase e hiperplasia adrenal congênita. Vale destacar que alguns hospitais e laboratórios particulares ainda realizam o teste do pezinho expandido, que inclui outras patologias, como toxoplasmose congênita, galactosemia e distúrbios da beta oxidação dos ácidos graxos.
Também fazem parte da triagem neonatal os testes do olhinho (para identificar alterações que causem obstrução no eixo visual, como catarata e glaucoma congênito), da orelhinha (para verificar problemas auditivos) e do coraçãozinho (para constatar doenças no coração).
"Isso tudo é importante porque, quanto mais cedo algum problema for identificado e o tratamento iniciado, maiores serão as chances de sucesso e de a criança ter uma vida normal", garante Tadeu Fernando Fernandes, presidente do Departamento Científico de Pediatria Ambulatorial da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria).
Calendário de consultas
Para que os bebês cresçam e se desenvolvam bem, assim que saem do hospital os pais já têm de começar a pensar no calendário de puericultura, área da pediatria que acompanha o crescimento, o desenvolvimento físico e motor, a linguagem, a afetividade e a aprendizagem cognitiva.
A SBP recomenda o seguinte esquema: consultas mensais até os seis meses de vida; trimestrais até os 18 meses; semestrais na fase pré-escolar (2 a 4 anos), e anual dos 5 aos 19 anos.
Nelas, comenta Talita Lodi Rizzini Holtel, coordenadora da pediatria do Hospital Leforte Liberdade (SP), o profissional avaliará e orientará sobre questões relacionadas à alimentação, peso e altura, vacinas, desenvolvimento, prevenção de acidentes e identificação de problemas ou riscos para a saúde.
"Essa é uma consulta bem abrangente, importante não apenas para o médico acompanhar o crescimento das crianças, mas também para fazer diagnósticos que possam interferir nesse processo, como atrasos de qualquer tipo, problemas auditivos, obesidade, alergias, alterações psíquicas e até câncer", informa a especialista.
Holtel pondera que as recomendações são válidas para o acompanhamento de pequenos saudáveis e quando não há nenhuma intercorrência. "Caso surjam alterações, sejam elas físicas, psiquiátricas, neurológicas, alimentares ou de outra natureza, aí o pediatra pode solicitar encontros mais frequentes. Tudo vai depender das particularidades e individualidades de cada paciente", acrescenta.
Além das consultas pediátricas, é fundamental incluir na rotina de cuidados infantis, desde o nascimento dos primeiros dentinhos, visitas anuais com o odontopediatra, para fazer revisão dentária, aplicação de flúor e iniciação da escovação correta e, entre 5 e 7 anos, com o oftalmologista, mesmo que não haja queixas, para identificar possíveis erros de refração (hipermetropia, astigmatismo e miopia) ou outro problema visual.
Exames de rotina
Quem pensa que exames laboratoriais são prescritos apenas para adolescentes e adultos, está enganado. De acordo com Fernandes, da SBP, com 1 ano de idade os pequenos devem fazer a primeira coleta de sangue, para checar indícios de anemia e estoque de ferro —se necessário, também podem ser solicitados testes de urina e fezes.
"Teoricamente, eles serão repetidos apenas aos 2 e aos 5 anos. Porém, nas famílias com antecedentes de diabetes e doença cardiovasculares, como infarto, acidente vascular cerebral (AVC) e hipertensão arterial, a periodicidade e o tipo de exame podem ser alterados", informa o médico.
Por fim, a partir dos 10 anos, e independentemente de a criança ser ou não obesa, além do hemograma tradicional, é acrescido à lista o perfil lipídico, para avaliar o metabolismo das gorduras no sangue, colesterol e triglicérides.