Estabilidade na epidemia de Aids no Brasil pode não ser bom sinal


Ministério da Saúde estima que 112 mil brasileiros não sabem que são soropositivos e outros 260 mil sabem, mas não tratam a doença


Dados do relatório do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS), referentes ao ano de 2016, mostram que pela primeira vez mais da metade das pessoas que vivem com o vírus no mundo – 19,5 milhões, de um total de 36,7 milhões – está em tratamento. O número é importante, já que, com a adesão destes indivíduos à terapia antirretroviral, a ameaça de transmissão do vírus é significativamente reduzida.

“A ciência mostra que começar o tratamento o mais cedo possível traz um benefício duplo, já que mantém pessoas que vivem com HIV saudáveis e previne as transmissões. Com isso, muitos países passaram a adotar essa medida-padrão de ouro que é tratar todo mundo (que tem o vírus)”, informa Michel Sidibé, diretor executivo do UNAIDS. No relatório é confirmado, ainda, que a quantidade de mortes relacionadas à Aids diminuiu 48% no mundo, passando de quase 2 milhões, em 2005, para 1 milhão, em 2016.

Entretanto, o cenário de estabilidade da doença no Brasil não significa que a situação esteja sob controle. Sete países da América Latina acumulam cerca de 90% das novas infecções, ainda de acordo com o documento da UNAIDS. Deste total, 49% (48 mil casos) aconteceram no Brasil, país mais habitado da região e líder do ranking. Desde 2005, o número de novos casos de HIV no Brasil teve pouca variação, ficando entre 46 e 48 mil. “Isso não é motivo para comemorar, porque a epidemia precisa ser findada. Falar em estabilidade quer dizer que a epidemia continua existindo”, sustenta Salvador Correa, psicólogo e coordenador de treinamento e capacitação da Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids (ABIA).

(Fonte: Revista Galileu)

Newsletter