Dependência química influencia quadro clínico de transtornos mentais, segundo estudo


Com análise de pacientes internados no Hospital de Clínicas da Unicamp, pesquisa aponta comorbidade como um dos prejuízos


O uso de drogas, tanto lícitas, quanto ilícitas, por portadores de transtornos mentais foi o tema do estudo realizado pela psiquiatra Marjourie Dragori de Arruda Biscaro e orientado por Renata Cruz Soares de Azevedo, chefe do Departamento de Psicologia Médica e Psiquiatria da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp. A pesquisa constatou que o uso gera prejuízos a estes pacientes, podendo causar comorbidades.

O estudo envolveu análise de 110 jovens e adultos internados na Enfermaria de Psiquiatria do Hospital de Clínicas da Unicamp, entre agosto de 2013 e outubro de 2014. Destes, 19,2% eram tabagistas e 31% apresentavam transtorno mental associado à dependência atual de alguma droga, excluindo o tabaco. Estas pessoas se caracterizaram por compor o sexo masculino e serem jovens, com baixa escolaridade, solteiros, desempregados e de baixa adesão ao tratamento.

Ainda sobre os pacientes internados, foi revelado que 61,7% eram dependentes químicos da maconha, 29,4% do álcool, 14,7% cocaína inalada, 8,8% do crack, 7% dos benzodiazepínicos, 5,8% do mesclado e 8,8% do anabolizante e da cafeína.

É importante lembrar que cerca de 50% dos indivíduos que sofrem de transtornos mentais desenvolvem outra patologia ao mesmo tempo. Entre os pacientes comórbidos, a pesquisa apontou que as mais prevalentes foram esquizofrenia, com 32,3% de incidência, transtorno afetivo bipolar (29,4%), depressão (17,6%), transtorno de personalidade (14,7%) e transtorno esquizofreniforme (8,8%). “A realização do diagnóstico da comorbidade possibilita o planejamento adequado do tratamento”, diz Marjourie.

A pesquisa ainda apontou que, em alguns casos, a droga foi utilizada por pacientes com transtornos na tentativa de minimizá-los, tendo, porém, prejudicado o quadro clínico.

(Fonte: Boletim da FCM)

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